11 de abril de 2022

Jorge de Sena

Génesis

De mí ya no hablo más: no quiero nada.
De Dios no hablo: no es ningún abrigo.
Ni ya del mundo antiguo nada digo
pues nace y muere en cada madrugada.

Ni de existir, que es vida traicionada,
por no sentir que el tiempo va conmigo;
ni hablo del vivir —si lo persigo
huye el amor— que es libertad errada.

De la justicia... ¡ay, las jóvenes gentes
que en vano la esperaron, inocentes!
Y la eternidad... ¡oh, pueblos que han sido!

No hay verdad; el mundo no la esconde:
Todo se ve, mas no se sabe dónde.
Mortales e inmortales han mentido.



J. de Sena. Génesis (books.google.es)
Trad. E. Gutiérrez Miranda 2022


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Génesis

De mim não falo mais: não quero nada.
De Deus não falo: não tem outro abrigo.
Não falarei também do mundo antigo,
pois nasce e morre em cada madrugada.

Nem de existir, que é a vida atraiçoada,
para sentir o tempo andar comigo;
nem de viver, que é liberdade errada,
e foge todo o Amor quando o persigo.

Por mais justiça… —Ai quantos que eram novos
em vão a esperaram porque nunca a viram!
E a eternidade… Ó transfusão dos povos!

Não há verdade: O mundo não a esconde.
Tudo se vê: só se não sabe aonde.
Mortais ou imortais, todos mentiram.



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