22 de marzo de 2017

Carlos Drummond de Andrade

Amor, señal extraña

Amo demasiado, sin saber que estoy amando,
a las chicas de camino de la misa.
Al atardecer.
Ellas tampoco se saben amadas
por el niño de ojos bajos pero atentos.
Miro a una, miro a otra, siento
la señal silenciosa de algo
que no sé definir —más adelante sabré—.
No solo por Hortensia, o Marta
o Delia o Belén o Carmen…
Todas me hieren —dulce—,
pasan sin fijarse. El crepúsculo
descompone ya las formas, yo mismo
soy una sombra en la ventana del primer piso.
¿Qué hacer de este sentimiento
al que ni puedo llamar sentimiento?
Estoy preparándome para sufrir
como los chicos estudian para médico o abogado.



Carlos Drummond de Andrade. Amor, sinal estranho (companhiadasletras.com.br, O estranho sinal: notas sobre o amor na poesia de Carlos Drummond de Andrade, pdf p. 49)
Traducción de Enrique Gutiérrez Miranda


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Amor, sinal estranho

Amo demais, sem saber que estou amando,
as moças a caminho da reza.
No entardecer.
Elas também não se sabem amadas
pelo menino de olhos baixos mas atentos.
Olho uma, olho outra, sinto
o sinal silencioso de alguma coisa
que não sei definir — mais tarde saberei.
Não por Hermínia apenas, ou Marieta
ou Dulce ou Nazaré ou Carmen.
Todas me ferem — doce,
passam sem reparar. O lusco-fusco
já decompõe os vultos, eu mesmo
sou uma sombra na janela do sobrado.
Que fazer deste sentimento
que nem posso chamar de sentimento?
Estou me preparando para sofrer
assim como os rapazes estudam para médico ou advogado.




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